Prof. Wagner Ribeiro Filho
Especialista em Áreas de Pastagem
Empresa: DTA Difusão Técnicas
Agropecuária Ltda.
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Silagem
Fazenda Igarapé Grande desde o ano de 2005, vem produzindo silagem para tratar de seus animais durante o período da seca.
Estaremos a seguir apresentando e comentando alguns fatos ocorridos na produção da silagem deste ano e citando alguns detalhes para uma produção de qualidade e com um mínimo de perdas.
E o que vem a ser uma Silagem?
Silagem é o resultado de um processo anaeróbico, ou seja, sem oxigênio, onde a massa verde colhida irá se acidificar.
Ensilar é o processo de cortar, transportar, encher o silo, compactar e fechar o silo.
Realizamos na fazenda o silo de superfície por ser mais barato e rápido.
A época de realização do silo é de grande importância, e irá depender do estágio de maturação da planta.
O momento ideal seria quando a planta apresentasse alto rendimento de matéria seca, alto nível de proteína e baixo teor de fibra, o que nem sempre é possível. De uma forma prática, optamos por fazer a silagem do milho ou sorgo quando a planta está saindo do estágio de pamonha e entrando no estágio farináceo. Nesta fase o teor de açúcar será o ideal. Dependendo da área a ser ensilada poderemos plantar a lavoura em intervalos de 4 a 5 dias para que dê tempo de colher toda a área no mesmo ponto.
Outro fator importante a ser considerado é o tamanho das partículas que saem na picadeira, que devem variar entre 1,0 a 1,5 cm, para facilitar o processo de fermentação.
O local onde ficará o silo deve ser ligeiramente inclinado para permitir o escoamento da água e no fundo do silo devemos colocar uma camada de palha para evitar o contato com a terra.
O enchimento do silo deve ser feito o mais rápido possível, não se recomendando, porém, encher e fechar o silo no mesmo dia, já que ocorre uma acomodação da massa de um dia para o outro.
Nunca se deve interromper o processo de ensilagem por mais de 24 horas e sempre que formos reiniciar devemos compactá-lo antes de depositar uma nova camada. A camada não deve ser superior a 30 ou 40cm, pois acima disto a compactação fica comprometida.
O formato final do silo deve ser sempre abaulado, para evitar o acúmulo de água da chuva sobre ele.
A compactação deve ser feita passando-se o trator várias vezes sobre o silo, de forma a expulsar o ar contido entre as partículas, pois, como mencionamos no início, trata-se de uma fermentação sem ar (anaeróbica). Quanto mais oxigênio existir maior será a elevação da temperatura durante o processo de fermentação, colocando em risco a qualidade da silagem. Um cuidado importante é que o trator destinado à compactação da massa não deve fazer outro serviço, pois assim se evita a presença de terra de rodagem nos pneus do trator, o que prejudicaria em muito a qualidade da silagem. E quanto mais pesado for o trator, melhor, para obtermos uma melhor compactação.
Completada a ensilagem, devemos cobrir e vedar o silo, de forma a não deixar nenhuma abertura para a entrada de ar ou água. De preferência usar lona branca e construir canaletas laterais para permitir o escoamento da água da chuva.
Para calcularmos o volume de silo disponível devemos medir quantos metros cúbicos o silo rendeu (COMPRIMENTO X ALTURA X LARGURA). Para cada metro cúbico teremos o equivalente à aproximadamente 500 kg de silo.
Quando e como usar o silo?
O silo deverá ficar fechado, fermentando, por 30 a 40 dias. Após este período a massa tende a se estabilizar, ficando com um ph em torno de 4,2 e concentração de ácido lático em torno de 1 a 2%. O cheiro deverá ser agradável e a temperatura normal. Não deverá apresentar bolores e caso exista algum foco este deverá ser eliminado.
O corte do silo deve ser feito sempre em camadas, sendo que sempre devemos descartar os primeiros 15 cm devido à exposição ao ar.
Para vacas de leite recomenda-se estar fornecendo a silagem após ou durante a ordenha. Caso fornecido antes, aguardar pelo menos 3 horas para evitar que o gosto do silo passe para o leite.
A silagem deve ser fornecida de forma a não sobrar no cocho, de acordo com o potencial produtivo da vaca. Sempre que formos realizar um novo fornecimento, os restos anteriores deverão ser retirados, pois as sobras azedam rapidamente.
Para cálculo de custo do alimento devemos considerar uma perda de até 20 %. Para cálculo da necessidade diária devemos acrescer 10 % no volume.
Forrageiras para ensilagem
Para que tenhamos a silagem deverá ocorrer a redução do pH da massa (aumento da acidez). Este processo tem curso através da fermentação dos açúcares solúveis da planta, e as melhores forrageiras para o processo de ensilagem são o milho e o sorgo. Podemos também estar usando outras gramíneas como o capim elefante (Napier, Cameroom e outros), a cana de açúcar, o milheto , o Tanzânia e Mombaça.
A cana-de-açúcar, apesar do alto teor de carboidratos solúveis, geralmente não dá uma boa silagem, pois tende a possibilitar a fermentação alcoólica e, conseqüentemente, muita perda de material.
Em silagens de milho, sorgo ou capim-elefante pode-se adicionar até 20% de leguminosas para melhorar seu valor protéico e, pode-se, também, adicionar 20% de cana picada em silagem de capim-elefante maduro, com menos umidade, para melhorar as condições de fermentação.
O principal problema para a ensilagem de capim-elefante é o elevado teor de água da planta. Para minimizar este problema usa-se fazer o pré-murchamento, ou adicionar materiais mais secos junto com o capim no silo. Uma opção é usar o feno da parte aérea da mandioca (rama + folhas secas) na proporção de 5%, ou a parte aérea fresca da mandioca picada, na proporção de 25%. Milho desintegrado com palha e sabugo ou cama de aviário também podem ser usados na base de 5%.
Variedade de Milho Utilizado
Procuramos trabalhar com um material de tecnologia de ponta visando uma maior produtividade, evitando-se, também, uma maior suceptividade a doenças locais. Adotamos o Híbrido 2C577 da Dow AgroSciences, parceira da fazenda no nosso Dia de Campo e nos trabalhos de utilização Herbicidas. Este híbrido apresenta alto potencial de produção, excelente adaptação aos ambientes tropicais e boa tolerância as principais doenças.
Variedade de Sorgo Utilizado
Assim que colhemos o milho, plantamos o sorgo para fazer nova silagem.
Porque o sorgo e não novamente o milho?
Porque o sorgo é uma planta mais tolerante a stress hídrico do que o milho e considerando que estamos plantando já na segunda metade do período das chuvas a probabilidade de uma diminuição do regime pluviométrico é bastante acentuada, além do que poderemos, após fazer a silagem do sorgo, entrar com pastoreio direto na rebrota.
Escolhemos o sorgo Híbrido 1F305 também da Dow AgroSciences. Este material é um híbrido para a produção de silagem bastante precoce. Podemos estar ensilando em até 120 dias e podem ser realizados de 2 a 3 cortes. É bastante adaptável à região.
Aditivos
Para melhorar as condições de fermentação ou para melhorar o valor nutritivo das silagens, alguns aditivos podem ser usados, como é o caso de fenos, palhas, fubá, uréia, melaço etc. Estes aditivos são empregados principalmente na ensilagem do capim-elefante, mas a uréia pode ser empregada também na ensilagem do milho. O aditivo escolhido é espalhado após cada camada do material colocado no silo, de maneira que fique bem distribuído dentro da massa ensilada. São empregados nas seguintes proporções:
- uréia: 0,5% (na ensilagem de milho ou capim-elefante),
- melaço: 3 a 5% (na ensilagem de capim-elefante) ou
- fubá: 3 a 5% (na ensilagem de capim-elefante)
Para facilitar a distribuição da uréia ou do melaço, estes podem ser diluídos em água (1 kg: 1 l).
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